Ídolos infantis dos 80 estão de volta, ouça!

Juninho Bill lança disco solo, ex-Os Abelhudos regravam sucessos e lançam inéditas e mais

Entre borrachas e apontadores, quem cresceu nos anos 80 tinha muita música pra chamar de sua. Descobriu-se naquela década que criança era um público potencial de consumo, e a indústria da música e do entretenimento nadaram de braçada. Ainda bem, porque comparado ao que temos hoje para esse público… É puxado. No caldo sonoro formado ali, três grupos se destacaram: o fenômeno Trem da Alegria, que a cada disco lançado causava um estardalhaço; Os Abelhudos, que surgiram para concorrer ao Festival dos Festivais; e A Nova Turma do Balão Mágico – que revivia o fenômeno do início da década numa formação com as gêmeas Nathanna e Tuanny (filhas da cantora Adriana e do músico Márcio Monteiro) e o carismático Rodrigo (irmão de Vanessa, da primeira geração do Trem, que depois formou dupla com Luan e com quem é casada ainda hoje). Em comum, a ótima qualidade musical de todos, sem exceção. E, agora, ressurgem com propostas musicais das mais variadas. Patrícia e Luciano, por exemplo, estão se apresentando como Trem da Alegria e se preparam para voltar a partir de fevereiro. Enquanto isso, ó só quanta coisa…

Juninho Bill

Não estarei sendo injusto ao dar o troféu top carismático para o vocalista do Trem da Alegria. A princípio o Trem foi formado por Patrícia e Luciano. Patrícia, que nos anos 90 assumiu o sobrenome, Marx, saiu do Trem em 1987 para iniciar uma carreira solo tão bem sucedida que é reconhecida, ainda hoje, como uma das melhores vozes de sua geração. Logo em seguida entrou Vanessa no grupo, depois o molequinho Juninho Bill. Ele tinha aquela cara de moleque sem vergonha e, embora muito jovem, cantava fazendo drives, o que o diferenciava. Quando Amanda entrou no grupo, também em 1987, Vanessa cresceu e partiu para a carreira com Luan e o megahit “Quatro Semanas de Amor”.

Era notória a paixão que Xuxa tinha por Juninho. Uma conexão visível, de amizade mesmo, de a cada apresentação do Trem no programa da loira (que, jovens, era de segunda a sábado, das 08h às 13h), eles se zoarem e se divertirem muito. E a paixão era retribuída, tanto que Juninho cantava pra Xu que “é por você que eu passo horas no banheiro”. Ok, mentes maldosas, o bichinho ainda nem devia pensar nessas coisa, ele tava falando sobre o gel que passava no cabelo, o banho bem tomado pra ficar cheiroso, o perfume… O Juninho tava falando sobre isso, né… Quanto ao compositor, aí… rs.

Depois que cresceu e o Trem acabou, Juninho se dedicou ao futebol, continuou músico em diversas bandas e, só agora recentemente, lançou um disco solo.

Falei sobre esse disco bem aqui.

De quando lançou até hoje, Bill esteve fazendo um “encarte virtual”, no qual publicou, periodicamente, em seu Instagram, as letras de cada canção, com alguns comentários. Essa semana, terminou essas publicações. É legal seguir esse cara. Além de gente boa, o Juninho vive prestando homenagens aos amigos longevos, como essa aqui que fez pra Amanda Acosta, sua companheira de Trem:

Por falar em Amanda…

A talentosa Amanda Acosta é cantora, atriz e a porra toda. Está em cartaz, neste momento, com o musical “As Cangaceiras Guerreiras do Sertão”, no teatro Tuca, em São Paulo.

As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão é um grito de libertação! SIM, podemos e temos o direito de dizer NÃO! Quando um aprende a voar desperta, ensina e encoraja os outros a alcançarem os seus vôos também. Quem comanda pra si, comanda pra todos!”

Amanda Acosta, sobre o musical

Se você sair navegando pelo Instagram dela, vai encontrar preciosidades como ela cantando “Onde estará o meu amor”, e poderá conferir que a bicha é que nem vinho, a voz só melhora com o tempo.

Fabíola Braga

Não podemos esquecer de uma garotinha que participou de uma seleção nacional pra integrar o Trem. A manauara Fabíola está na contracapa do disco de 87 (os discos do Trem eram todos como o atual do Juninho Bill, “homônimos”, rs) e neste promo de “Thundercats”, um dos maiores sucessos daquele LP.

Fabíola fez os coros e um duo com Juninho Bill, mas saiu do grupo logo depois de entrar – o que dá a entender é que Amanda foi quem ocupou seu lugar, pois o grupo tinha uma dupla de pré-adolescentes que sairiam em breve e uma de menorzinhos, e Amanda não está na contracapa deste disco. Bom, tempos depois ela reapareceu com o grupo “Fabíola e os Herois do Futuro”. Hoje ela continua cantando, mas mudou o gênero: agora é gospel, pois missionária evangélica. Aqui tem o registro desse grupo formado por ela, no Xou da Xuxa, em 1989 (ou 88, fico em dúvida sobre o cenário):

Na última formação do Trem, os cantores eram: Juninho Bill, Amanda e Rubinho.

Rubinho continua músico e mantém o Rockistas Podcast, cujo tema dispensa explicações.

Os Abelhudos

Eu fui em 800 festinhas embaladas por “Me pega, me leva, me roda, me joga pelo ar / A festa começou agora e não tem hora de acabar”. É “Dia de Paraíso”, canção que dá título ao segundo disco do trio que teve três formações, mas sempre contou com os carismáticos irmãos Rodrigo e Diego. Filhos de Renato Corrêa – astro infantil nos anos 70 com os Golden Boys – e presentes em todos os coros infantis dos discos da década (já que o pai trabalhava em gravadora), eles eram a cara dos Abelhudos. O nome do grupo, aliás, é uma contração de Kid Abelha com Menudos, ambos hitadíssimos na época. E a história deles é a que mais me fascina, saca só…

Em 1985, a Globo promoveu o Festival dos Festivais e o Rodrigo perturbou o pai até mandar parar para que permitisse participar. O pai juntou os meninos e chamou a Tatiana Pinheiro, que também cantava nos coros das gravadoras. Escreveu “O Dono da Terra”, uma música de tema tão forte que nem parecia ser infantil, mas que partia do lugar de fala da criança para questionar as mazelas do mundo ao seu criador. “Pega o telefone, liga pra esse homem, diz que é pra Ele reinventar!”. É bonito ver esse vídeo, aliás. Em dado momento, o Maracanãzinho vai abaixo, cantando num coro gigante com os ainda inexperientes meninos. Ó (e repare a apresentação de Nelson Motta):

Fofo, né?

Depois de gravarem um primeiro disco com esse hit, Tatiana deixou o grupo e em seu lugar entrou outra menina que cantava nos coros nas gravadoras, a Renata Benévolo. Foi com ela que estouraram canções como “Dia de Paraíso” e “As Crianças e os Animais”. A última formação teve Daniele e Rafinha no lugar de Renata e quase de Rodrigo, que já estava semi-adulto e prestes a deixar o grupo. O que não aconteceu, pois Os Abelhudos acabaram. E aí, um ano atrás mais ou menos, do nada, a gente que é da geração, tava aqui existindo e vivendo, quando de repente:

Rodrigo substituiu o diastema pelos músculos trabalhados no crossfit, Diego segue com covinhas nas bochechas e Renata perdeu aquela cara de atrevida que tinha (embora cantasse que “eu não sou atrevida, mas na hora de dançar, se é com você a música não pode parar”). Daí estávamos felizes já por essa, e pá, mais uma:

Não há mau tempo nem temporal?

Teve um tico de treta nesse reencontro. Tati, da primeira formação, reclamou de estar preterida dos projetos. Estava se reencontrando com a música. Deu um bate-boca intermediado pelos jornais cariocas e tals, but tudo parece já pacificado. Tati está gravando coisas novas, como almejava. Em agosto, lançou “La Puerta”, um cover-homenagem a Luis Miguel:

E Rodrigo e Renata acabam de gravar esse pop-rock, “Vem Comigo”:

Mais recentemente ainda, Renata lançou essa, em duo com Ranieri Araújo, bem agrigoce energy:

As bruxinhas

Quando recriaram a Turma do Balão Mágico, como “Nova Turma do Balão Mágico”, foi inevitável o sucesso. Formado pelas gêmeas Natanna e Tuanny e o Rodrigo Camargo – irmão de Vanessa (não a filha do Zezé e Camargo também, e sim a do Trem da Alegria, depois dupla e esposa de Luan), eles lançaram “Bruxinha”, hitzinho chiclete, com as gêmeas fazendo coro no refrão e o garoto, de timbre parecido com o de Juninho Bill, mandando a letra nas estrofes.

Além de as gêmeas serem bem engraçadas e não conseguirem segurar o riso quando perguntadas sobre qualquer assunto pela Xuxa (e terem risadas de bruxinhas), elas eram filhas da cantora Adriana, que participou da Pilantragem no final da década de 60 (liderado por Carlos Imperial, o movimento musical propunha uma ode ao jeitinho brasileiro de ser). E tinha o Rodrigo, que era um carisma só. O bichinho era tão talentoso que passou em testes pra entrar pro Trem da Alegria, pros Abelhudos e pra Nova Turma, e sua mãe decidiu pela Nova Turma. Além do hit da Bruxinha, eles fizeram sucesso com “Meninos e Meninas” (e não é a da Legião e inclusive foi gravada um ano antes da da Legião) e “Quem não sabe assobiar”, com participação nos vocais do Sebastian (garoto-propaganda da C&A na época) e de um mini Sebastian nas performances. Eles não tem nenhuma novidade não, mas seria injusto não falar também sobre a Nova Turma do Balão Mágico, bem como seria ótimo encerrar esse texto ouvindo esse som tão simpático:

Plus

Esse achado precisa ser registrado e encontrado muitas vezes. Os Abelhudos estiveram no último Cassino do Chacrinha, cantando Dia de Paraíso. O programa foi ao ar em 02 de julho de 1988, e o comunicador morreu exatamente três dias antes de ir ao ar. Por isso, vê-se João Kleber apresentando o Cassino – ele era jurado costumeiro do programa, apresentador substituto e apresentador auxiliar, nos últimos tempos de vida de Chacrinha, quando já estava doente. Foi desse jeito que esse sujeito surgiu na televisão brasileira. Podia ter feito uma história bem mais bonita? Ôh. Mas escolhas…

foto: Priscila Prade / Divulgação – musical As Cangaceiras Guerreiras do Sertão


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