E começou o mês dos 50…

foto: Luciano Joaquim, no Flickr

Morillo Carvalho

É. Estamos a dias dos 50 anos de Brasília. E qual colapso político não encontramos às vésperas de uma data tão digna de comemoração? As mesmas asas que sediaram rompantes de fúria contra os modelos políticos instaurados, versadas pelo rock dos 80’s, hoje abrigam casas de políticos velhos e corruptos e eleitores desinteressados/desestimulados/desanimados com o assunto.

No Porão do Rock 2006, os Titãs, que recém-lançavam a música “Vossa Excelência”, bradavam aos berros o refrão “filha da puta, bandido, corrupto, ladrão!”, em pleno estacionamento do Mané Garrincha, na área central da cidade. Com gosto. Quem diria que a canção se tornaria profecia cumprida hoje, quando diz que “um dia o sol ainda vai nascer quadrado” para o governador, que se elegeria naquele ano… E como é bom esbravejar. O foda é saber que as eleições tão aí e os velhos figurões já figuram em propagandas partidárias tentando abocanhar cadeiras e cargos. E vão. Mas não vamos falar de política. Vamos falar de festa.

É certo que esses 50 anos de Brasília mereciam comemoração em alto estilo. Mas sabe aquela sensação que você tem, quando detesta seu emprego, e vai rolar a confraternização de fim de ano na firma? Aquela vontade de não comemorar nada? Creio que muito brasiliense se sente assim. Mas temos o que comemorar, sim. Afinal, Brasília, que é uma ilha, como diz o Herbert Viana (que, aliás, é bem brasiliense), deixou de ser onde se vive mais ou menos como na Disneylândia para esses caras. Estamos punindo…

Afinal, parafraseando a (ótima) banda Capitão do Cerrado, “eu vejo uma luz no horizonte, vontades e indignação. Repugnância aos indivíduos que fazem da vida uma corrupção. Eu sou da capital, eu moro longe do mar. Mas não me leve  mal: eu voo nas asas da cidade que aprendi a amar”. #fato.

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