Show das trilhas de uma vida

fim do show em Brasília. foto: minha mãe, Anna Stella. Sem flash, mó orgulho!

Morillo Carvalho

Foi no dia do meu aniversário (08 de outubro), do ano passado, que o Aha anunciou que tava dando o vazare da música, após 28 anos, interrompidos apenas entre 1994 e 1998, quando o trio se separou para cuidarem de projetos individuais. Ao mesmo tempo, a banda esclareceu que o início do fim seria uma turnê mundial de despedida. Para o júbilo e regozijo de quem teve a banda como trilha sonora de boa parte da vida. Até 4 de dezembro, quando os noruegueses vão dar fim à turnê e o adeus eterno aos fãs e à música, em show em Oslo, os caras estão repetindo o Take on Me & afins, em várias cidades do mundo. E, para júbilo e regozijo da gente aqui do Drops, terça eles vieram pra Brasília.

E foi um puta showzão. Ok, faltaram clássicos como You are the one e Touchy, mas quem foi devia estar avisado que Touchy não ia rolar. Então me baseei no setlist de São Paulo e Rio para me preparar para o show – sim, tinha que me preparar, afinal eu e a língua inglesa não somos amigos íntimos e eu não conhecia um terço das letras porque eu sempre embromo. E fiz essa Apostila de Letras do A-ha for Dummies. Corta pro show. O ponto alto, adivinha? Taaake’onnn-meee, sucesso desde dias após o meu nascimento (o single foi lançado em 19 de outubro de 1984 para a Europa, o que significa 11 dias após eu vir ao mundo).

Deve ser estranho, né? Vinte e cinco anos após o mundo saber que você existe por causa de uma composição, trazendo na bagagem 12 discos, incontáveis singles de sucesso, nove compilações, o que a galera quer mesmo é vibrar ao som do teclado de Magne Furuholmen, das distorcidas da guitarra de Paul Waaktaar-Savoy e dos altos-altíssimos agudos de Morten Harket como na primeira vez. Afinal, a primeira vez a gente nunca esquece…

Lá no meio do show, Morten começou a empunhar o microfone e deixar a galera cantar os refrões. Durou três intermináveis músicas. Isso me irrita, porque se é pra ver gente como eu cantando, bora todo mundo pra Esplanada cantar junto “e rala a tcheca, e rala o pinto” que é bem mais divertido. Mas foda-se: quando mesmo é que eu vou poder ver o A-ha no palco, hein? E o palco do Nilson Nelson esteve suficiente para um show de qualidade: sem venderem as arquibancadas de cima – que sempre se transforma no inferno de qualquer apresentação musical por lá, graças aos gritos reverberantes vindos do alto – e com som suficiente para que todos ouvissem bem sem sair com os ouvidos zunindo. Nossos dropezinhos para a organização.

Poucos sobrevivem anos e anos no alto mainstream, já que o pop é isso: crie algo inovador (ou apenas repetitivo), entupa-se de dinheiro, produza outro sucesso, seguido de outro e outro, depois suma. Afinal, música pop é que nem moda – uma hora o dance é in, no momento seguinte, o negócio é o rithym’n blues, e o próximo take é das baladinhas. Por mais versátil e criativo que seja, o artista dificilmente consegue manter o sucesso, e o A-ha conseguiu. Take me on.

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