Banda de irmãos que fez pop adolescente nos anos 90 agora é de pop blues e faz som bem bom, ouça!
Ao invés de escrever sobre a qualidade do novo som do Hanson, considerando que é meio que inócua a minha opinião sobre uma banda lá de Tulsa (EUA) que está totalmente dentro da supermáquina mundial de música, façamos o seguinte… Dá o play no vídeo e vai lendo os exposeds de minhas amigas adolescentes em suas histórias incríveis sobre os irmãos Isaac, Taylor e Zac. É bom de verdade, pode dar o play à vonts real/oficial:
Amigas que conheceram os Hanson
Sarah e Thaís eram as maiores fãs dos Hanson da sétima série do Colégio Sagrado Coração de Jesus de Alfenas (MG). Belo dum dia, descobriram uma promoção da Jovem Pan de São Paulo, que daria como prêmio uma viagem a Nova York para ir ao show e CONHECER os Hanson.
Ganhava quem escrevesse a maior carta de amor à banda.
Essas meninas devem ter ido à Pelicano, que era uma loja de quinquilharia, e comprado uns 20 cadernos de 20 matérias, tirado os espirais e distribuído entre as meninas da turma, que passavam aulas e mais aulas escrevendo imensos EEEEEU TEEEEEE AAAAAAMOOOOOO pra eles.
Resultado: 12 quilômetros de carta. (aí a Sarah leu esse exposed e corrigiu: FORAM 13 KM 564 METROS!!!!!!!!)
Bastava que tivessem escrito UM quilômetro e já ganhavam com folga, porque a segunda colocada escreveu uma carta de 500 e poucos metros, mas elas quiseram ESMERILHAR as inimiga.
E sim, elas ganharam a promoção. Elas foram pra NY. Elas conheceram os Hanson.
O recalque da Karina
Tenho uma amiga-irmã que conheci adulto, já jornalista do Correio Braziliense, a Karina Cardoso. Contei essa história das minhas amigas pra ela.
A Karina odeia elas. Odiou elas, aliás, porque hoje ela tem sororidade, mas passou anos com gastrite nervosa contraída após saber que sua cartinha de alguns metros, toda linda, escrita com letras pequenininhas e zilhões de coraçõezinhos caprichados, não tinha sequer pontuado.
Não precisava de capricho nenhum: precisava ser uma carta grande, e só.
Dores em meu coração
Daí a Karina já adolescente maiorzinha teve a ideia de ir a Belo Horizonte, meio que escondida dos pais, pra ver um show dos Hanson. Ficou da abertura dos portões à hora do show colada à grade, sem mijar, sem beber água direito. Começou o show e ela começou a dar um mega pití, que tava passando mal e tal.
Carregaram ela.
Ni que ela tava por cima de todo mundo, sendo carregada, fez o quê? Sacou a máquina pra tirar foto dos Hanson, claro, pois besta nunca foi.
Os socorristas sacaram que ela tava de fricote. Quando chegou ao médico, ele perguntou: onde tá doendo, minha filha? Ela: no meu coração… Ooown…
Os Ganson
A Monalisa e a Pâmela eram outra dupla de amigas que amavam os Hanson. Um dia, pra encher o saco da Mona, desenhei três gansos com cabeleira loira. Até tempos atrás, ela guardava esse desenho dos “Ganson”.
O despeito masculino
Nós, meninos, não “podíamos” gostar de Hanson nem de Backstreet Boys, o que poria em dúvida nossa masculinidade. E, nossa, exalávamos masculinidade aos 13 anos – pra você ver como o sistema é bruto. E como as meninas os amavam, nossa estratégia era, claro, achincalhar os Ganson, chamando-os de Ganson não só por causa de patos, mas pra fazer uma contração de Gay + Hanson.
A primeira vez que as meninas botaram nosso professor de História, o Francisco, pra ouvir os Hanson no discman de uma delas (a Sarah era rica), ele soltou: “que lindas vozes! Nunca ouvi vozes femininas tão bonitas!”.
Hanson no sobrenome
A Laís e a Sarinha (que era outra, da outra turma que não a minha) eram a outra dupla que amava os Hanson até a Lua, ida e volta, 500 vezes. E assinavam, respectivamente, Laís Hanson e Sara Hanson.
A Laís e eu continuamos estudando juntos até quase completar o ensino médio. Lógico que ela parou com isso de assinar Hanson no sobrenome quando já não rolava mais nem de assumir que um dia gostou deles. Ela, inclusive, foi quem me apresentou Legião Urbana e, assim, salvou não só alguém do gosto musical deveras duvidoso como também se salvou. A influência foi o namorado, cujo nome eu não lembro, mas o sobrenome era Zauli.
Namorada que amava Hanson
Meus namoros na adolescência duravam até três meses, depois viravam amizades. Assim foi com a Raquel: éramos amigos, namoramos, viramos amigos de novo. Embora ela amasse rap, especialmente Racionais MCs, era alucinada pelos Hanson. Foi assim que eu acabei conhecendo tanto sobre eles. A gente tinha uns 15 anos nesse tempo, e ela tinha acabado de chegar em Alfenas após morar por anos em Santos, onde nasci. Por isso, se as meninas de Alfenas já citadas soubessem o arsenal hansoniano que a Raquel tinha (afinal, as coisas eram bem mais limitadas no sul de Minas), a assediariam pra tentar uns pôsteres, revistas, cartões, etc. Era realmente de impressionar.
…
A real é que nós, adolescentes no final dos anos 90 e começo dos 2000, crescemos à medida em que os próprios Hanson cresciam e amadureciam seus sons. Tanto que “If Only” e “Save Me”, de 2000, é já uma música bem melhor do que aqueles primeiros hits de 1997 – “Where’s the love?”, “Weird”, “Soldier” e o famigerado “MMMBop”. Tanto que, quando vieram ao Brasil em 2013, disseram: “já fomos grandes, não somos mais”, em relação à multidão que outrora arrastavam pelas ruas. E agora, 2021, fazem um som bem adequado pra quem tem 30 e vários anos, quase 40.
Às vezes crescer é mesmo bem maneiro, e o melhor de tudo é perder a vergonha de ter parado de gostar de alguém só por vergonha.
foto: Divulgação
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Eu sou uma fanson que fiz tudinho isso, mandei minha carta também, perdi, teve uma época que neguei, mas continuo apaixonada pela banda. E fico impressionada que onde que vá encontro outra pessoa da nossa geração com uma história do Hanson. Já fiquei amiga de gente que morava no mesmo prédio e fui bater à porta pq ouvia a menina escutando Hanson rsrs