Teatro online: “Balada da Virgem – Em nome de Deus” faz paralelo entre Joana D’Arc e Dilma Rousseff

Espetáculo criado e dirigido por Sandro Borelli estreia nesta sexta-feira (09). É sobre os momentos finais de Joana D’Arc e sua solidão, e evoca ao 2018, quando foi criada: estava sob o eco de um julgamento injusto

Sandro Borelli: artista da Dança, coordenador do Kasulo – Espaço de Arte, diretor da Cia. Carne Agonizante, militante de esquerda, petista e lulista. Este é o texto da bio do diretor e coreógrafo em seu Instagram, e é a partir desta auto-apresentação que vale a pena partirmos à compreensão do que é este espetáculo. “Balada da Virgem – Em Nome de Deus” foi criado em 2018 para que ele próprio pudesse interpretar. Agora, volta em cartaz por um mês, e a cada final de semana terá um intérprete. E é sobre a solidão de uma mulher em seus dias finais. Joana D’Arc. Que foi morta na França em julgamento inquisitório e injusto. Em 2018, o Brasil vivia o rescaldo do impeachment de Dilma, da prisão de Lula e da eleição de Bolsonaro. Foi neste contexto que Borelli construiu este espetáculo.

Trazemos uma Joana crítica, que duvida do seu Deus/ mentor e coloca em dúvida tudo o que fez por e para ele. Quisemos sair da Joana D’arc católica e trazê-la de uma maneira mais revolucionária e questionadora. Quando montei esse espetáculo, estava há um tempo sem ir para a cena. E resolvi encarnar uma figura lendária. Depois de um tempo em cena, fiquei incomodado de estar ali emprestando meu corpo para uma figura feminina por algum motivo. Depois de um ano, resolvemos montar o trabalho e resolvi recriá-lo com outra pessoa. Chamei a Renata, que também está nessa temporada. Esse olhar de fora me fez ver que o trabalho cresceu muito. Agora, trouxemos a Joana para quatro corpos bem diferentes, que irão trazer novas perspectivas para o espetáculo, mesmo com o meu roteiro de direção em comum. A ideia é enriquecer a cena e trazer não só uma Joana diferente do que é comumente retratada, como ela retratada por diferentes corpos, experimentando diferentes maneiras dessa pesquisa se reverberar.

Sandro Borelli
Intérpretes

Dias 9 e 10 de julho, Renata Aspesi dá vida à Joana D’arc novamente, uma vez que ela já interpretou a personagem em Balada da Virgem – Em Nome de Deus; dias 16 e 17, é a vez de Yorrana Soares; no final de semana de 23 e 24 de julho, a apresentação será de Alex Merino; a temporada se encerra nos dias 30 e 31 de julho, com Rafael Carrion. Cada intérprete modifica e reinterpreta a obra, levantando questões sobre a representatividade do corpo que está na cena em paralelo ao corpo que a obra investiga.

Também é importante ressaltar que esses mesmos corpos históricos/literários/mitológicos aparecem em cena enquanto conteúdo simbólico muito mais do que em seu conteúdo biográfico, talvez se possa dizer que o corpo aparece enquanto idéia. Uma idéia que em sua potência desloca a poética de uma infinidade de outros corpos não se cabendo ou não se contendo num conceito de identidade individual”

o diretor.

Instigante, né? As apresentações serão transmitidas ao vivo do Espaço Kasulo para o Youtube, gratuitamente. O projeto foi contemplado na 1ª Edição do Prêmio Aldir Blanc de Apoio à Cultura da cidade de São Paulo, módulo Maria Alice Vergueiro.

Vai ser bem aqui, ó: https://www.youtube.com/CiaCarneAgonizante

Ah! E se a ansiedade bater e já quiser ter uma mostra do trabalho da Cia. Carne Agonizante, que tal uma mostra de outro espetáculo?

 

Foto: Alex Merino / Divulgação


 

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