“Alice Underline” é a melhor coisa que você pode ver hoje

Experimento cênico da Tao Filmes, sob direção de Luciana Martuchelli, é resultado de trabalho teatral online realizado ao longo da pandemia

Há um universo onírico que habita em Luciana Martuchelli. E o universo real, o do cosmos (planetas, astros e constelações), se posicionou de tal maneira quando ela veio ao mundo que não haveria escapatória a não ser viver entregue às liberdades proporcionadas pela arte. Filha de dois grandes atores de Brasília, o Gê Martu e a amada Gisele Lemper (que nos deixou há pouco tempo), Luciana percorreu caminhos vários para que não desfrutasse apenas de sua herança e genética. Foi discípula de Dulcina de Moraes, Antunes Filho, Reynaldo Boury, Tizuka Yamazaki e, de uns bons anos pra cá, Eugenio Barba e Julia Varley (do Odin Teatret, na Dinamarca). De herdeira e discípula, passou a ser diretora, mestra, atriz das grandes (bom, isso ela já era desde sempre). E é sob seu comando que está a Tao Filmes, escola de arte dramática e centro de experimentação cênica.

Mas falei tanto de Luciana porque é necessário que esta compreensão esteja presente antes mesmo de te dizer que, seguramente, assistir “Alice Underline” será a melhor coisa que você fará hoje, às 19h, no canal do Youtube da Tao. E eu não assisti a nenhum ensaio, nem mesmo conversei o suficiente com a diretora para ter tanta certeza.

É que o pouco que conheço da Lu já me é suficiente para atestar que, caso houvesse alguma possibilidade de não ser uma experiência muito boa, ela não estaria sendo realizada hoje.

:: Luciana Martuchelli já escreveu artigo para este site, sobre a gestão do Fundo de Apoio à Cultura em 2019 ::

Alice

Como disse, é um universo onírico o que habita a Luciana. Tal qual é o ambiente que Lewis Carrol criou para a história de Alice no País das Maravilhas. Tanto que é a única história do estilo “contos de fadas” que Tim Burton dirigiu.

Em 2016, quando conheci o trabalho da diretora (e pûde ser um pouco seu aprendiz), ela realizou uma montagem de Alice para o Sarau da Tao – os saraus são o trabalho de encerramento do semestre de estudos e trabalho, pois Luciana prefere a informalidade do clima de um sarau a ter de conduzir uma montagem cênica para os alunos. É seu estilo. Mas os saraus transcendem as montagens cênicas, são momentos lindos de puro deleite, verdadeiros mistos de intervenções com instalações artísticas. E deu o nome àquele trabalho de “Alice – Under Construction”. Ou seja, o espectador já sabia que estaria, ali, vendo um trabalho em progresso.

Este foi o elenco do Sarau de 2016 que teve Alice como tema. Foi no Teatro Oficina do Perdiz, na Asa Norte. Foto: Sartoryi

A pandemia jogou um senhor balde de água fria em todo o setor cultural – nem preciso dizer. Mas a Luciana já desenvolvia cursos de atuação para câmera. Então, o que veremos hoje será uma mescla de atuação cênica para teatro com a linguagem que ela já domina tanto, do cinema e audiovisual. E eu tenho uma palhinhazinha bem aqui:

:: Ator da Cia YinsPiração, Victor Abrão lançou “Leve Rio”: ouça! ::

Hoje é a estreia e é gratuita! Amanhã e domingo ainda rola de assistir, porém não no canal do Youtube da Tao e sim na página Passearte, dirigida pelo também ator Marcelo Pelúcio – com quem, aliás, farei colab de produção de conteúdo em breve. Terá bilhereria de R$20, ou seja: assista hoje, amanhã e depois, porque se tem uma coisa que a arte está precisando neste momento é de você e de sobreviver! Humpft! E, enfim: caso ainda não tenha ficado claro, não há a menor chance de você assitir a este espetáculo e não gostar, ok?

Live

Só pra cocrância ficar maior, hoje após a apresentação ainda terá live. Yes, bate-papo com Luciana e o elenco. Eu já estou providenciando o vinhozinho porque vai ser too much.

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