Ruídos Ruiz

A tulipa inflável que faz parte do show dela. foto: Lílian Beraldo

Os muitos compromissos profissionais extra-blog levaram-me, nos últimos dias, a ter deixar as postagens um pouco de lado. E a que mais gostaria de postar é essa: o que é o show de Tulipa Ruiz?

A paulistana apresentou-se no último fim de semana, aqui em Brasília, no Teatro Oi (Blue Tree), e lhe garanto: o que Tulipa Ruiz apresenta é quase uma viagem cinematográfica. Só que musical.

Porquê? Porque ela põe música em temas que remetem à Amelie Poulain, do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain – produção francesa de Jean-Pierre Jeunet, de 2001. Ou seja: no que há de bom em viver, no prazer em coisas simples.

Exemplo? Lembra do brocal? Aquele artefato escolar, entre a purpurina e o glitter (clica aqui que você lembra)? Pois é. Brocal dourado é o nome da música mais empolgante do seu show. A letra fala da volta de um amor (ou de alguém, enfim), que traz a promessa de continuar a fazer de sua vida “um bordado de renda, de chita filó”. O êxtase, no refrão, é como a festa íntima dela, com uma chuva de brocal dourado.

Podem ser divagações estranhas de uma mente que não entendeu nada do que ela quis dizer, mas é como interpretei. É o que também dá pra sentir em “Efêmera”, a faixa-título do CD e do show. “Hoje é o tempo preu ficar devagarinho com as coisas que eu gosto e que eu sei que são efêmeras, e que passam perecíveis e acabam, se despedem, mas eu nunca me esqueço”, canta.

No paralelo com Amélie, Tulipa se tornou pra mim a caixa de objetos do antigo morador do aparamento que ela alugou em Paris. No filme, a obstinada Amélie só sossega quando encontra o dono e, ao ver a emoção dele em receber de volta a caixa com pequenos objetos, passa a ver o mundo a partir da ótica do fazer o bem, por meio das pequenas coisas da vida.

É o que a Tulipa me fez. Me fez bem, com sua música tão bonita.

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