
No rack da minha sala tem um vaso de tulipas falsas. Talvez venha da minha vontade transcendental de conhecer a Holanda, e elas representam bem essa vontade. Pode ser também a equivalência em flor do meu hábito de beber cerveja na tulipa. A explicação mais provável, porém, vem de uma viagem que fiz a Juazeiro do Norte (CE), para cobrir o Encontro Mestres do Mundo, que reunia dezenas de mestres da cultura popular.
No oásis sertanejo do Ceará, hospedado em um hotel metido a Beach Park e cheio de sapos cururus, fazia a cobertura com tesão, tentando extrair de lá boas reportagens para a Agência Brasil (onde trabalhava) e exprimir em palavras as significações e significâncias daqueles mestres na vida daquelas pessoas. Comigo, outros jornalistas dividiam o quarto.
Um deles, o pai de uma tulipa. A Tulipa Ruiz. Era dezembro de 2008, e ela ainda não era assim tão pop. Luiz Chagas, eu, Pablo Rebelo e outros repórteres da área cultural, aproveitávamos o pós-evento para bebericar, no hotel mesmo ou no bar ao lado.
O primeiro de todos foi o que mais eu me aproximei, e o primeiro de todos é o pai dela. Não só pai, é também o guitarrista da banda dela. E entre talagada e outra, Chagas (ou Belô! – carregado no sotaque paulistano) cai pro assunto filhos, e fala da Tulipa. “Tulipa?”, indaguei, segurando a minha. “A flor, não essa, engraçadinho…”. Ahn…
E mesmo sem jamais ter ido a um show de Tulipa (problema que pretendo equacionar nos dias 06 e/ou 07 agora), posso afirmar que ela deve ter um órgão extra no corpo, chamado música. Afinal, nem eu, nem você (a não ser que você, Tulipa, leia este texto um dia), temos um pai que entrevistou o Rod Stewart, ou que tocava no estúdio (é, ele também é músico – SÓ é o guitarrista de Itamar Assumpção) em que uns meninos paulistanos iam quando acabava o ensaio dele. Sabe, uns oito meninos, Arnaldo, Nando, Branco, Tony, Charles, Marcelo, Paulo e Sérgio? Bom, o assunto é a filha e não o pai, agora. Na verdade, eu esperava a oportunidade de falar do pai desde então…
A Tulipa vem trazer seu repertório folk, suave, brasileiro e forte para cá. Entre as músicas, ‘Às vezes’, feita por quem? Pelo pai. E já que estamos falando de pai, àquela altura, dezembro de 2008, eu me preparava pra me tornar pai. E o nome do meu filho também está no repertório de Tulipa: ‘Pedrinho’. Já viu que não vou conseguir falar só dela agora, né? Deixa pra depois do show.
O show é no Teatro Oi Brasília, dias 06 e 07. Aproveite. Ela é efêmera, como diz o nome do seu CD.
– O disco da Tulipa está disponível na Livraria Cultura e pelo e-mail discodatulipa@gmail.com.