A TV aberta tem salvação?

Andei lendo uns comentários sobre a tv aberta brasileira que defendem que nada há que se preste nela, que qualquer episódio de CSI ou Law&Order são mais bem escritos que qualquer novela da Globo inteira e etc. Um dos artigos mostrava um cardápio interessante de atrações na tv brasileira, todas na tv a cabo e, mais uma vez, comentários naquela linha.

Ignorância, alienação, recusa ou subvalorização do produto nacional são alguns dos fatos que levam esses críticos e jornalistas a pensarem tais coisas. Tenho tv a cabo em casa, mas não deixo de assistir às boas atrações no sinal aberto. Isso porque… elas existem! Basta garimpar.

Óbvio que elas não estão nos horários mais acessíveis, mas estão e é isso o que importa. No caso das grandes redes de televisão aberta, justifica-se a oferta de produtos de baixa qualidade de conteúdo pelo interesse comercial que aquelas obras despertam. E, antes de prosseguir, destaco que novela é produto cultural nacional, de exportação, reconhecido em todo o mundo e é nosso maior marco no broadcasting.

Bom contraponto à escassez de qualidade de conteúdo em bons horários são as tvs públicas. Livres do interesse comercial, estão à disposição com produtos que, por vezes, apresentam menor qualidade de produção, mas alto nível de conteúdo.

Ainda assim, vamos fazer uma lista do que há de interessante:

– Na Globo: acabou de acabar Clandestinos e Afinal, o que querem as mulheres – o último, com roteiro assinado por João Paulo Cuenca (bom pra você?). E estréia, na próxima semana, Amor em Quatro Atos, inspirado na obra musical de Chico Buarque (então, tá bom pra você??). Além disso, essa semana toda foi de Festival Nacional, com filmes como Ônibus 174, Divã e Se eu Fosse Você. É a Globo que exibe, nas madrugadas de domingo, o Altas Horas, há 10 anos. É o melhor programa de auditório da tv aberta e um dos melhores do quadro geral da programação brasileira.

– Na Record: tem o 50 por 1, todo sábado à meia-noite. Uma viagem interminável de Álvaro Garnero pelo mundo, desbravando curiosidades e comportamentos dos povos. Rico de imagens e de conteúdo. E, se as atrações gringas são as melhores, as que ganham adaptações brasileiras ficam melhores. É assim com Ídolos e com O Aprendiz. E na Record também tem o Legendários.

– Na Band: terminei o parágrafo da Record falando do Legendários, então poderia começar este falando do CQC. Mas aí seria óbvio, então, primeiro o CQC. Depois, o A Liga. Excelente produção jornalística que coloca atriz, rapper, jornalista e humorista em abordagens diferenciadas sobre um determinado assunto – casamento, centro de São Paulo, imigração foram alguns dos temas. Também é na emissora do Morumbi que é transmitido o É tudo improviso e o A Noite é Uma Criança. Simpático ou não ao Otávio Mesquita, saiba você que é um ótimo programa.

– São do SBT o ótimo Aventura Selvagem, com o Richard – figura conhecida a partir da Record, e o Esquadrão da Moda. Esse último, você pode considerar fútil ou de mulherzinha, mas nasceu nada mais nada menos do que na ótima BBC de Londres, com a proposta de criar entretenimento saudável, distante da estética do grotesco, amplamente adotada na tv do Sílvio. E tem o ótimo jornalismo.

– Quanto à RedeTV!, não consigo citar nada além do Pânico na TV.

– Daí, vem a TV Brasil. O sinal é ruim, a imagem é lavada e fantasmagórica, mas o conteúdo é sensacional. E o destaque é do Sem Censura, com Leda Nagle, do Arte, com Sérgio Britto, e do Conexão Roberto D’ávila. E tem o Paratodos, aos sábados, que é bem bacana também.

Então, não tem jeito. TV aberta tem coisa boa pra caramba, é só procurar.

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