Ícone do site Drops Culturais

Virgem

foto: Damiao Santana, no Flickr

Paulo Palavra

Há algum tempo, uma propaganda – se não me engano da empresa aérea Emirates – nos perguntava “qual a última vez que você fez algo pela primeira vez?”. Em termos de literatura tive uma primeira vez agora: minha primeira vez com o aclamado escritor português José Saramago, vencedor do Nobel de Literatura.

Tal qual uma menina de 15 anos – ou seriam 14, 13, 12? Os tempos são outros! – que se sente suficientemente emancipada, resolvi que era hora de perder minha virgindade com o português. Não poderia ser com “o grande amor da minha vida” (que no caso de Saramago poderíamos equiparar aos seus maiores sucessos, tipo Ensaio Sobre a Cegueira ou O Evangelho Segundo Jesus Cristo), afinal, ainda não o conhecia. Então foi com o primeiro que passou à minha frente. E esse é seu mais recente lançamento, Caim.

No livro, Saramago usa o personagem bíblico para revisitar várias passagens da história da própria Bíblia, tipo Sodoma e Gomorra, a Torre de Babel e até o Dilúvio e a Arca de Noé, e questionar as intenções de Deus em cada uma delas. Um exemplo: precisava matar as crianças inocentes de Sodoma?

Assim como qualquer primeira vez, a gente não sabe bem o que vai encontrar pela frente. Não foi a melhor experiência da minha vida, a escrita de José Saramago é diferente, seus diálogos não são separados da prosa e em alguns trechos precisei de muita concentração pra poder entender quem estava falando o quê.

Mas tal qual a virgenzinha de 15 anos que faz sexo pela primeira vez, sente dor, acha ruim e pouco tempo depois tenta de novo, eu também tentarei. Quem sabe, agora, com um dos clássicos do portugês?

Sair da versão mobile