Paulo Palavra
Já falamos aqui da exposição que comemora os 50 anos do rei Roberto Carlos. Mas uma vez que Roberto está a completar meio século de estrada profissional, ninguém se perguntou sobre os demais ícones da jovem guarda que também continuam na ativa? Pois é. O “amigo de fé e irmão camarada” do rei, Erasmo Carlos, também chega aos cinquentinha na labuta da música. Com menos apelo, fãs e sem a Globo no seu pé, o Tremendão lançou uma autobiografia para celebrar a data.
O livro é leve, gostoso e muito afetivo. As memórias de Erasmo não trazem, necessariamente, os principais momentos da história da música ou outras datas marcantes para o mundo. Mas trazem, sim, as lembranças que fazem parte do seu baú de memórias carinhosas. Seja falando de sua esposa e filhos, da infância difícil no Rio de Janeiro e a luta da mãe pela sobrevivência dos dois, dos amigos da música, ou do eterno auxiliar Alcides, o cantor traz vários momentos de ternura, situações cômicas e marcantes para ele, sem muita preocupação histórica ou jornalística.
Claro, ele não deixaria de dedicar um capítulo especial sobre sua relação com Roberto, as composições e diversas histórias divertidas vividas pelos dois. Mas Erasmo também lembra de Tim Maia, Carlos Imperial, Gilberto Gil, Serguei, Raul Seixas, Aguinaldo Timóteo (de quem é vizinho), João Gordo e outros tantos artistas e convivas do meio que fizeram parte de sua vida.
Melhor ainda, para mim, foi ter mais conhecimento sobre a vida de um grande ícone da música brasileira, sentir sua pegada rock’n roll, descobrir que as composições vão muito além das famosas cantadas por Roberto Carlos e passar a ter muito mais respeito por quem merece.