Então, e o Chico?

foto: Ique Esteves/divulgação Globo Filmes

Mais uma pessoa chega à nossa farmácia, dando seu pitaco sobre o filme do Chico. Boa semana!

Mariana Jungmann

Chico Xavier não é um filme para espíritas. Essa é a marca que deve ficar da produção da Globo Filmes, baseada no livro de Marcel Souto Maior – As Vidas de Chico Xavier. Bom, é verdade que esta que vos fala é um pouco suspeita, posto que sou uma espécie de “espírita iniciante” que conhece pouco da doutrina, mas acredita e se identifica com este pouco que conhece.

Mas independente da minha parca credibilidade, o fato é que o filme é leve e divertido. Mostra a infância complicada de Chico, seus sérios problemas visuais advindos de uma catarata e a dificuldade em lidar com o deboche daqueles que o consideravam louco por falar com “gente que não existe”. Mas o sofrimento não é foco principal e isso faz toda a diferença.

A história é sobre como o personagem-título lidou com seu dom ao longo desta vida. Permeando o enredo, vários episódios engraçadíssimos que envolveram as relações de Chico com o mundo espiritual. Destaque para o personagem de Emmanuel, o guia de Chico superconhecido pelos espíritas e que orientou com rigor e peso jamais imaginado para as mãos de um anjo o comportamento terreno do médium. Bem humorado sem perder a seriedade, o personagem do guia passou longe da ideia de severidade e dureza associada à sua figura entre os crentes da doutrina de Alan Kardec.

Ah, destaque também para o mineirês falado pelo núcleo interiorano do filme. Explico: Chico nasceu na pequena São Leopoldo, em Minas, e mais tarde se mudou para Uberaba, onde viveu até o fim desta encarnação. E os atores captaram maravilhosamente não só o sotaque, como o linguajar, certos termos, o jeitinho caipira do interior. É “tiquinho” pra cá, “ara, sô” pra lá, “judieira” ou “judiação” acolá. Uma delícia!

Aliás, mais delícia ainda foi sair do cinema com a cabeça leve, se lembrando das piadas embutidas nas situações improváveis relatadas no filme e ir tomar um café ainda dando boas risadas.

PS: de acordo com o Filme B, site que afere a audiência do cinema brasileiro, o filme liderou o ranking das bilheterias nacionais no fim de semana passado (ainda não saíram os resultados deste fds). No ano, está em quarto lugar, perdendo para Avatar, Alvim e os esquilos 2 (WTF?) e Sherlock Holmes.

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