Zé Celso, anistiado

foto: Mau Alcântara, no Flickr

Morillo Carvalho

Na direção do espetáculo Roda Viva, escrito por Chico Buarque, o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa – um dos mais importantes do Brasil – assistiu (e sentiu) ao que podia haver de mais cruel na ditadura militar. Era 1968, e o Comando de Caça aos Comunistas entrou no teatro em dia de encenação, destruindo parte do cenário e agredindo a todo o elenco, durante a temporada paulista da montagem. Alguns poucos anos depois, o seu teatro Oficina passou por outra invasão, e, cerca de um mês após, Zé Celso foi preso, tendo passado por torturas e agruras na detenção do Dops, também em São Paulo.

Hoje, porém, o Estado se redime. Zé Celso é anistiado político.

O reconhecimento aconteceu ontem, na sede do teatro Oficina, com direito a julgamento seguindo o rito tradicional (a leitura do processo pelo relator do caso, Prudente Mello, e a votação de seis membros, unânimes na decisão de conceder a anistia), e o teatro, igualmente, seguindo seu rito tradicional (jornalistas, público e membros da Comissão de Anistia entram descalços no teatro e são recebidos por atores, alguns deles nus, numa cerimônia chamada de Lava-pés).

Zé Celso vai receber pensão vitalícia de R$5 mil, do Estado, e um retroativo de R$569 mil. “A importância [da anistia] é a história agora, no Brasil de agora. O que é importante é que o que aconteceu no passado foi ‘reexistido’, a gente driblou o que aconteceu no passado”, disse Zé Celso.

Com informações da Agência Brasil

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