Um, dois, DRÊS.

Sim, nós escrevemos (desde sempre) e vamos continuar escrevendo sobre coisas que não são lançamento. Porquê? Motivo simples: para se conhecer um disco, é necessário degustá-lo, degluti-lo e ruminá-lo.

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foto: Marcela Santos / Wikipedia

Morillo Carvalho

Um passeio completo por crônicas do cotidiano presente, compiladas nas 12 faixas do ícone da música ruiva brasileira. Este é Drês, o último disco do Nando Reis, lançado em junho do ano passado. Sei lá o que significa “drês”, o que sei é que este é o oitavo disco do músico, já desvencilhado há tempos do “abre parênteses Ex-Titãs fecha parênteses”, dada a fácil identificação do seu trabalho solo, tão diferenciado do trabalho com o antigo coletivo. E que, na minha opinião, é o disco que se aproxima de sua obra-prima – sim, é clichê, mas é a melhor definição que encontrei.

Já consagrado pelo encadeamento de sucessos dos últimos anos, um atrás do outro e desde que a Cássia Eller era a responsável por propagá-las grandemente, Nando segue incansável em seu processo criativo. Começa Drês com Hi, Dri, canção pop romântica com refrão bem gritado – meu cabelo é vermelho! – de um jeito que só é tolerável se for o Nando Reis gritando. Segue com Ainda não passou, drama melódico que diz que “triste é não chorar se eu também chorei”, narrando dores que não passam nem com o tempo.

E dores que não passam nem com o tempo são o tema da música seguinte, Conta. No caso, a dor insuperável da perda da mãe – “mesmo tendo o meu pai, que eu amo, a minha conta não se fecha. Essa conta nunca mais fechou”. Da dor, Nando Reis se joga em amor à filha Sofia (Só pra So), no melhor rock do CD, Mosaico Abstrato 2 – “livros lidos, discos preferidos, filmes vistos, sempre um final. Indo e vindo vivo ouvindo instinto, mesmo quando eu não entendo nada”. E na melosa e só na voz e violão Pra você guardei O amor.

Como um Driamante (faixa 9), Nando e os Infernais (a banda dele) guardam para as três últimas faixas do CD, de presente, as melhores músicas. Na 10, Hoje eu te pedi em casamento, ele lembra as sensações do momento: “estou perdido, quente, ardente, diferente, tímido e original”. Na 11, Mil Galáxias, um rock bem humorado, “laranja cor da blusa, chocante e acintosa, que ali na minha vista ardia cor-de-rosa”, e a última, Baby eu queria, um fecho melódico sem drama, uma declaração de amor singela e bela: “baby eu queria ficar com você pra sempre, beijar os seus lábios, ser teu amor eterno e sua paixão. Baby, eu só queria te dar a mão”.

Quer saber mais? Um dedo aqui e você vai poder ouvir 30 segundos de cada faixa. Vale os R$27, (média). Quanto a shows em Brasília, nada sei. Espero que, como nos últimos três anos, ele venha para o Festival de Inverno de Brasília – por sinal, alguma idéia sobre se vai ter ou não festival esse ano?

Mais >> O mundo é bão, Sebastião – nosso texto sobre o show dele no Festival de Inverno do ano retrasado. Ano passado fomos tb, mas o blog estava desativado…

2 comentários sobre “Um, dois, DRÊS.

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