Morillo Carvalho

Tenho lido muita putaria ultimamente, sabe? Fui fazer um balanço de minha vida leitora, e cheguei à conclusão que o tema tem sido recorrente entre as minhas preferências literárias. Ok, não é à toa. Busco inspiração para escrever um livro, porque se eu for escrever alguma coisa que preste, tem que ser sobre putaria. E resolvi listar pra vocês algumas indicações dos meus livros putos.
Ah, você sabia que puto/putão, no Rio Grande do Sul, é gay enrustido? Aprendi com a Roniara. Puto, no sul de Minas – você sabia que eu morei seis anos em Alfenas, terra do Rogério Flausino e do Wagner Tiso, verdadeira metrópole? – significa dinheiro. “Tô sem um puto no bolso” é o mesmo que estar completamente sem dinheiro, ou “liso”, aqui no DF. Ok, esse parágrafo não tem nada a ver com meus livros putos, só abri esse aposto porque adoro fazer essas comparações de palavras conforme as regiões do país. Ou países, já que o Rio Grande do Sul é independente, como todos sabem (rs). Bom, livros putos:
– Conversas de Cafetinas: do amigo Sérgio Maggio. Escrevi sobre ele aqui, já. Livro-reportagem em que o autor percorre bordéis baianos para contar as histórias das líderes dos “bregas” (ah, mais uma comparação regional: brega = puteiro, na Bahia).
– Filha, mãe, avó e puta: de Gabriela Leite. Obra biográfica da fundadora da ONG Davida, que criou a grife Daspu. A criação, a decisão de virar prostituta, os romances, as zonas de meretrício. Sensacionante.
– O doce veneno do escorpião: de Bruna Surfistinha. Também biográfica, a difícil vida da garota de 20 e poucos anos que decidiu ser garota de programa de luxo. Diferentemente de Gabriela Leite, que detestava atender em locais que não fossem as zonas de meretrício. Honestamente, nada demais, literariamente falando, mas bom para que se tirem curiosidades sobre como enriquecem essas mulheres. Em breve, o livro vai virar filme. Mais uma vez, não era pra tanto…
– Zonas Úmidas: de Charlotte Roche. A história de uma jovem de 18 anos sem qualquer espécie de pudor. E pouco higiênica. O livro começa de forma absurdamente diferente, o que prendeu minha atenção logo de cara: escrito em primeira pessoa, a menina descreve uma fissura em seu ânus. E suas hemorróidas, e suas cirurgias. Mas a história se perde nas confusões juvenis superficiais da mente da garota e o livro vira um pé no cu.
– Vacaciones: de Ana Paula Barbi. Compilação de textos de 10 anos da atividade blogueira da Poàlli, que faz o blog Te Dou um Dado, que existe para o bem de todos e a felicidade geral da nação. Não se trata de nenhum livro de putaria, mas de relatos de uma vida eletrizante com uma turminha do barulho. Ok, mode locutor da Sessão da Tarde off, relatos de uma vida interessante e cheia de lições amorais – dicas para conseguir roubar no supermercado é o que há de mais hilário. Não existe versão impressa, pode ser baixado online no site da autora.
– Livros do Bukowski, o velho safado. Eu li Hollywood, que também não é nenhum livro puto, mas mais que recomendado. Estou lendo uma compilação de contos excepcionais, escrotamente safados. Esqueci o nome do livro, é um daqueles pockets, mas qualquer coisa que você leia do cara será putona. Recomendadaço.
– Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, o amor é sexualmente transmissível: de Marçal Aquino. Esse é o cara. O livro conta a história de um fotógrafo forasteiro que vive um tórrido romance numa região garimpeira do Pará. Certamente, um dos melhores livros que já li na vida. Daqueles “tipo puta que pariu”, sabe?
Post originalmente publicado no Madruga Insône.
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