Faíscas televisivas e o telefonema londrino

Last.fm
The Clash. Foto: Last.fm

Quando o The Clash morreu, eu mal tinha nascido – sou de 84, eles encerraram a banda em 85. Fui saber da existência dos caras lá por 2000, vendo na TV algo sobre as maiores bandas do mundo. Um dia entra o professor na sala de aula, 7º semestre de jornalismo, e indaga: “alguém aí conhece The Clash”? Cri, cri, cri. “Conheço”, respondo, não muito convencido da minha resposta. Nem era pra dar uma de pimba, era porque, porra, se tratava de um parco e porco conhecimento mínimo de música, né?

No fim daquele ano, no aniversário daquele professor, então transfigurado em amigo, eu ganharia um CD dele, com uma porrada de músicas do Clash – é que no aniversário dele, quem ganha presente são os convidados. “Foram os primeiros a perceber que era possível fazer punk sem ser idiota”, contou-me, na ocasião. Pois bem, os caras dispensam qualquer comentário da nossa farmácia. Vale a pena meter o dedo aqui pra acessar a página da banda na Last FM (aliás, insisto: estamos por lá, dá uma procurada por dropsculturais ou clica aqui também).

Foi um texto de Ana Maria Bahiana, renomada jornalista cultural (e autora do Almanaque dos Anos 70), que deu a Álvaro Pereira Júnior, outro jornalista de cultura, o start na carreira dele – que acabou de participar do Altas Horas, comandado pelo também jornalista Serginho Groismann, que dá vida inteligente às madrugadas de sábado/domingo. O texto dela era “Um susto, uma paulada: Clash!! E a vida continua”, publicado na revista Som Três nº 19, de 1980. E virou clichê de qualquer cara que se aproximaria dela, anos depois, para dizer que se tornaram jornalistas de cultura por causa deste texto.

O Álvaro é daqueles caras da Globo que faz mil coisas ao mesmo tempo: chefia a redação do Fantástico, escreve uma coluna na Folha, apresenta um programa de rádio, implantou o G1… E é conhecido por detestar a tropicália e o apadrinhamento de gêneros musicais populares (como o axé) pelos principais expoentes tropicalistas. Na participação dele do Altas Horas, faíscas: Ed Motta solta que, para ele, “quem sabe, faz, quem não sabe, ensina e quem não sabe de nada, critica” e que ele “despreza a crítica como a uma mosca, que vem passando, mas é fácil de matar”.

MySpace do CD.
Intimidade entre estranhos: Frejat mantém sonoridade com parcerias inéditas. Foto: MySpace do CD.

Silêncio momentâneo na platéia, mal estar… Dois jornalistas ali, sendo o Álvaro, também, um crítico. E lhe dá uma resposta atravessada. O sobrinho do Tim Maia – ele detesta que qualquer pessoa faça qualquer referência ao tio dele, em entrevistas – manda muito bem quando canta “se arruma, tem espaço na van”… Mas é indissociável, pelo menos pra mim, o som do artista e sua postura. E essa arrogância é irritante. Não curte crítica? Componha um London Calling. Além de só falarem bem do seu som e de sua postura,  você ainda vai colaborar para a proliferação de críticos, os abomináveis críticos… Ed Mala…

Quanto ao simpático Frejat, que entende e respeita o trabalho da crítica: mostrou parte do novo CD solo dele. Sonoridade fiel ao que sempre fez, com qualidade. E parcerias inéditas: Gustavo Black Alien (ex-Planet Hemp), Zé Ramalho e Zeca Baleiro. Ele apresentou a música que fez com Alien, boa, como qualquer outra dele. Nem deu pra notar qualquer pitada de hip hop, que era de se esperar de um duo com um rapper. Quando ouvir o CD completo, “Sexo com desconhecidos”, digo, “Intimidade entre estranhos”, conto mais.

Um comentário sobre “Faíscas televisivas e o telefonema londrino

  1. ae caras, legal o conteúdo do blog…. conheci agora.

    da uma olhada no nosso também !

    garimponeural.wordpress.com

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