Ele foi pra maracangalha…

Nana e Dorival em "Quem inventou o amor". Me explica, por favor? Foto: blog do Mauro Ferreira

Como a gente diz lá em Minas, “Núúú”… Não assusta o fato de que morreram, com poucos dias de diferença, Dercy Gonçalves, Athos Bulcão, Geraldo Casé e agora Dorival Caymmi? Mês de grandes perdas no cenário artístico nacional. Pelo menos em termos de representação simbólica…

Isso significa: uma grande atriz do teatro de improviso, um mega artista plástico que deu cor às nossas paisagens verde-amarelas do Cerrado (só depende da época do ano), um grande diretor de TV e agora um grande músico… Ah! Ainda neste ano, Zélia Gattai se foi. Perda na nossa literatura.

Vítima de insuficiência renal seguida de falência múltipla dos órgãos, Caymmi se foi aos 94 anos. Ficou conhecido por retratar a baianidade em suas músicas, mesmo morando no Rio de Janeiro. Quem não conhece “minha jangada vai sair pro mar”, um de seus maiores sucessos? De seu legado, ficam os filhos, os ótimos músicos Nana, Dori e Danilo.

Aliás, a primeira entrevista de Danilo para falar da morte do pai foi para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, quando pinçou uma frase lida em uma antiga agenda do pai na semana passada para exemplificar o momento presente: “Passo a passo, passando… passo!” – a reportagem completa está na Agência Brasil.

Nana relaou, na mesma reportagem, que desde que a esposa dele, Stela Maris, faleceu, em 29 de abril (mais uma perda – ela era musicista), Caymmi desistiu de viver.

“Nós passamos esta semana toda tentando melhorar o moral dele, mas ele estava em uma grande melancolia, numa tristeza muito grande. Desistiu de comer, desistiu de tudo. É mais ou menos como dizia minha cunhada: um caso de Romeu e Julieta”, comparou Nana.

Fica o legado dos 20 discos. Belas composições, com altas cargas de brasilidade baiana. Ele? “Foi pra maracangalha”. Em paz, como a família queria. “Em paz e com tranquilidade”, segundo Danilo à Rádio Nacional. O enterro está marcado para as 16h de hoje, e o corpo está sendo velado no Salão Nobre da Câmara de Vereadores do Rio.

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