
A memória da cultura ocidental vêm de Roma pra cá. De antes, temos relatos filosóficos, canônicos e conceituais que em nada despertam em nós o sentimento de nação. O Brasil mesmo luta para registrar suas manifestações como patrimônio imaterial, pois é difícil preservar – ainda mais em tempos de imediatismo e transformação da arte em produto – e, com valor de mercadoria, acaba na lata do lixo, quando fica inútil. Nesse sentido, os chineses dão um banho nesse mundo ocidental de que eles tanto almejam fazer parte, e com destaque.

A abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim é uma mostra evidente disso. Cheios de elegância, os cerca de 4 bilhões de espectadores que viram ao espetáculo pela TV (pelo menos essa era a estimativa da organização dos Jogos), perceberam a blindagem cultural daquele país. Qual outro no mundo guarda 5 mil anos de uma cultura da qual se orgulha, capaz de despertar, ainda hoje, o sentimento de nação? Pólvora, papel, nanquim e aquarela, invenções chinesas que potencializaram a capacidade artística do planeta e que hoje, nas 4 horas (incansáveis) de apresentação foram reverenciadas pelos contemporâneos artistas que fizeram da abertura dos jogos um espetáculo à parte.

Resta-nos dá-los parabéns. Bom para que tentemos entender o quão valioso bem é a cultura para um país. Quem assistiu ao espetáculo, viu concertos de tambores, de pianos, apresentações de dança, balé e artes plásticas. A televisão virou uma instalação artística. Críticas aos malas sem alças das tv’s brasileiras que realizaram a transmissão e que não calavam a boca – porque é que ex-atleta e comentarista fala tanto, hein? Vão falar sobre o que sabem e deixem-nos ver a cerimônia em paz!