Duchamp brazuca?


Foi o revolucionário Marcel Duchamp ( 1887-1968 ) quem fez talvez um dos maiores rebuliços nas artes plásticas do século 20. Ao atribuir valor artístico a urinóis e mictórios, ele deu um chacoalho em quem achava que arte não era o que se pensa, mas o que se faz. E ele está com uma puta exposição em Sampa – onde estou doido pra voltar, e se eu for, tudo será devidamente registrado aqui (enquanto isso não rola, leia uma matéria a respeito, da amiga Fernanda Lopes). Mas não é sobre ele este texto. É sobre o nosso Duchamp. Ou, Arthur Bispo do Rosário.

Gosto de artistas doidos. E Bispo do Rosário era completamente maluco.Obras excepcionais. Um manto, uma roda, uma privada, canecas… Bata o olho e a comparação será inevitável, contudo, nem rola de pensar que ele imitou o franco-americano, inventor do rady-made (estatégia de trabalho do Duchamp, de usar objetos industrializados para a produção artística). É que Rosário viveu por anos num sanatório, fase em que produziu para caralho (e você pensar em Duchamp num ambiente em que você está cercado de esquizofrênicos e psicóticos? nem eu).

O Manto da Apresentação foi confeccionado por Bispo do Rosário a partir de uma alucinação (ou não, vai saber?) de que Deus o encarregara de criar um inventário de todas as coisas do mundo. O artista, então, o fez: criou um manto para se apresentar ao Todo-Poderoso, com todas as coisas do mundo bordadas em seu verso. E é incrível.

Pra não ficar incompleto, ele nasceu em Sergipe, em 1909, e morreu no Rio, em 1989. Produziu pelo menos quatro estandartes com motivos náuticos, pois na juventude foi marinheiro. E por aí vai a onda dele… Cada obra tem uma explicação alucinógena. Portanto, consumo moderado, caros pacientes ansiosos por drops! As obras do cara não são drops, são daimes, então todo cuidado é pouco…

Em seguida, alguns estandartes.

* As fotos são do site proa.org. A roda, lá em cima, é do Rosário – note a semelhança com a roda do Duchamp.

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