Diversão é solução pra nós

(Morillo Carvalho e Camila Coelho)

O que é o inverno perto de Titãs e Paralamas do Sucesso juntos, num palco só? Em tempos perigosos para as noites brasilienses, em que só saem os corajosos (que desafiam a Lei Seca) e/ou bem agasalhados (na friaca da madrugada, os termômetros vão abaixo dos 10ºC), um show dos caras é programa ideal. E como o rock’n roll [ainda] está na veia dos habitantes do quadradinho (vulgo DF), [sim, ainda está] não deu outra: Marina Hall superlotado. Nem por isso houve tumulto, confusão, polícia… Porque polícia é para quem precisa de polícia, né?

Bom no palco, péssimo na platéia. Explicamos: diferença quase zero entre Camarote Vip e Pista. Bom pra pista? Não, ruim pro camarote. Nada de cadeiras, nada de bebidinhas 0800… Vantagens: o bom posicionamento diante do palco – nosso erro, ao ficar na pista, foi crer que estar ao lado deles não bastaria – e banheiro de gente (porque, pra pista, banheiro químico – vulgo “dignidade zero”). Outra: luz branca na pista. Hã? Show às claras, já viu isso? Bom, naquela sonífera ilha, ninguém mandou pedir: “me enche de luz”… Apagaram, ufa!

Foda-se. Estávamos lá pra prestigiar a melhor banda de todos os tempos da última semana. De onde vinha tanta gente? Sei lá. Até os produtores do show não deviam esperar tamanho público para ver Herbert Vianna, João Barone, Bi Ribeiro (Paralamas), Branco Mello, Charles Gavin, Sérgio Britto, Paulo Miklos e Tony Bellotto (Titãs) e Frejat (Barão Vermelho). A dois dias do show, os ingressos da pista já haviam esgotado. Quem queria diversão e arte e não comprou antes, teve que se virar pra encontrar cambista ou pagar 70 lascas pelo camarote vip.

Antes do meio do show, acabam água e refrigerante. Não, produtores: bebida não é pasto. Se a pergunta é “você tem sede de quê?”, respondemos: em tempos de lei seca pegando e neguinho morrendo de medo de beber antes de voltar pra casa, água e refri iam bem. Sobraram Skols quentes (aliás, tá na hora de uma campanha “pelo fim do monopólio de cervejas nos shows”, né?)… Fora este mini rol de contratempos, foi um puta show. Normalmente não divulgamos pontos negativos, pois normalmente os pontos positivos os superam e o que é ruim não merece ser falado. Como não é bem este o caso, resolvemos citar essas deficiências, afinal, quem viabiliza um espetáculo é o público e os produtores de eventos de Brasília precisam saber em que pecam.

A noite fria esquentou rapidinho e a energia tomou conta de todos. O som? Lá se vai boa safra das músicas que fizeram sucesso nos últimos 25 anos deles: Bichos Escrotos, Marvin, Meu Erro, Óculos, Lourinha Bombril…

Minha editora, a Beraldina (Lílian Beraldo), achou muito pop e pouco rock. Reproduzo porque ela é nossa fiel leitora e entende muito mais de rock’n roll do que nós. Aliás, nós, que conhecemos os caras naquela onda de “acústicos” e ressurreição de bandas dos anos 80 no fim da década passada, achamos o máximo. Detalhe: mesmo ela, que achou bem pop, garante que se divertiu.

E como diversão é solução pra nós, quem fez como nós, se deu bem. Arrumamos uma van e mais 10 pessoas e a brincadeira nos custou 20 pilas – por uma carta de alforria para irmos à esbórnia. Os moradores de Brasília sabem o quanto é barato, se considerarmos que moramos em locais que renderiam R$80 a um taxista, caso optássemos por um. Levamos nossas cervejas BOAs (entendeu a mensagem subliminar?), e chegamos “prontos para a diversão”. E nos divertimos.

* As fotos são da Bia Marinho, que também adorou o show, também foi de van e se divertiu fotografando os caras

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