É, a Fernanda Takai gravou um disco solo, só com canções de Nara Leão – uma das vozes mais representativas da Bossa Nova, que nasceu em reuniões no seu apartamento. Para o crítico da Folha, Bruno Yutaka, Saito, trata-se de um disco do Pato Fu referenciando um artista. É verdade: aqueles mixes malucos e ‘bonitinhos’ do Pato Fu marcam presença em todo o repertório do novo CD. O que não implica em dizer que “estragaram Nara” – nem foi a constatação de Saito, que registrou isso como primeira impressão.
Quem me serviu como consultora para escrever esse texto e conhece a fundo Nara – já que não é o meu caso, admito – assegura que o timbre das duas é semelhante, “mas a voz de Nara é ainda mais fininha”. Essa é Elza Fiúza, repórter fotográfica da Agência Brasil, conhecedora não só bossa nova, como de tropicália, de samba e de frevo e uma das fundadoras do bloco do Pacotão de Brasília (um bloco carnavalesco que vai na contramão da W3, todo carnaval, levando faixas de protesto político cheias de humor).
Voltando à Nara, ou à Fernanda, com a palavra da Elza: timbres semelhantes, arranjos ousados em relação aos originais, porém extremamente agradáveis. Eu, que como bom mineiro, gosto do Pato Fu desde “se eu fosse o Pelé, tomava café”, concordo que o som do CD, que é da Fernanda, mais parece do Pato. Entretanto, o que é o Pato, senão Fernanda?
Bom demais de ouvir, “Lindonéia” (de Caetano e Gil) é apaixonante na voz de Takai. Conta a historinha da menina de nome engraçado, desaparecida, inclusive “nas paradas de suceeessoo”, momento mais divertido da música. “Diz que fui por aí” (do Zé Keti), idem. Ótima, deixa qualquer um com vontade de ter “um violão para acompanhar”. E “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, pra lá de conhecida na voz de Roberto Carlos, virou baladinha a-lá-vamos-dançar.
A cantora tem um blog, que é possível ler clicando aqui. O penúltimo post dela fala de um pequeno poema de Climério Ferreira que vai logo na sequência.