(Morillo Carvalho e Camila Coelho)
“Fãs de Renato são meus amigos”, garantiu a mãe coruja, D. Carminha, ao começar o bate-papo sobre o lançamento do mais novo CD do filho – o gênio Renato Russo que, embora morto em 1996, ainda consegue trazer novidades ao seu público. E como somos fãs, o recado materno foi suficiente para que nos sentíssemos em casa. Sempre simpática e solícita, Carminha revelou detalhes mínimos sobre tudo o que foi questionada.
A saudade era visível e parece andar lado a lado dela e dos familiares que ficaram para dar continuidade à história do talentoso trovador, mas isso não se traduz em semblante abatido: Carminha sorriu o tempo todo. Menos num instante, em que as lágrimas foram inevitáveis… Questionada se a lembrança de não estar ao lado do poeta no momento de sua morte, a voz embargou e ela só pôde dizer que essa dor ainda é “terrível”, três vezes terrível. Aliás, sem noção fazer essa pergunta, né? Nem por isso ela se esquivou.
Da dor de não estar ao lado de Renato em sua morte, Carminha tirou uma lição. É que ele e o pai não se davam muito bem. Quanto adoeceu, 40 dias antes de falecer, o Renato (pai) foi ao Rio de Janeiro (onde Russo morava), ficar ao lado dele. A quaresma permitiu uma aproximação que nunca houve entre os dois. “Aquele momento tinha que ser mesmo com o meu marido, não comigo”.
Uma curiosidade: ela odiou a primeira apresentação do monólogo interpretado por Bruce Gomlevsky. “Renato era bissexual, mas não desmunhecava daquele jeito”, contou, rindo – já que (para ela), ao longo do tempo o ator foi se aproximando do que Russo era de fato. “Chorar, só se fosse de raiva” – disse sobre a expectativa dela se emocionar, traçada por parentes e amigos na estréia da peça…
A música predileta da mãe coruja? Monte Castelo, inspirada no versículo bíblico I Coríntios 13 e no Soneto 11, de Luís de Camões – conhece? Aquela… “O amor é o fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente. É do que desatina sem doer”. Não lembra? Clica aqui para ver e ouvir.
Entre tantas preciosidades íntimas da mãe do gênio, uma pérola reveladora. “Nós só estamos esperando o Giuliano [filho do cantor] chegar aos 21 anos para construirmos um Memorial em sua homenagem” – uma cobrança constante dos fãs. Quem não sabia, agora pode contar os dias: Giuliano tem 19 anos. Sobre o Espaço Cultural da 508 Sul, que leva o nome do cara, ela disse que a idéia inicial era que lá fosse o abrigo da idéia do memorial, mas que não deu certo porque está em área residencial.
Ela também adiantou três outras novidades (uma delas, nem tão nova): três projetos de longas estão em curso: “Somos tão jovens”, com perfil mais biográfico; “Eduardo e Mônica”, que deve contar a história do casal; e “Faroeste Caboclo”, também sobre a história da música – este, de acordo com Carminha, está na fase de captação de recursos.
Quanto a Giuliano, parecia inseguro e foi titubeante ao responder às perguntas. A impressão que ele deixou foi que estava na platéia, para entender também um pouco mais da vida do pai. Quando Renato Russo faleceu, ele só tinha sete anos… Era como um irmão mais velho, contou d. Carminha sobre a primeira redação da escola de Giuliano.
Uma curiosidade: lembra de Pais e Filhos – em que Renato prometia que seu filho teria nome de santo? Promessa cumprida. Giuliano é, em português, Juliano – eis São Juliano! Uma observação: questionada sobre semelhanças entre pai e filho, dona Carminha respondeu que eles não se parecem em nada. Giuliano solta um “obrigado”! Como assim, cara? Tem gente que pagaria pra ser filho do gênio ou se parecer com ele… Vacilou, hein?
*Foto da Camila Coelho
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