A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros. Vinha da boca do povo, na língua errada do povo. Língua certa do povo porque ele é que fala gostoso o português do Brasil. Com garbo e sofisticação, Manuel Bandeira resume o quão bonita e engraçada é nossa amada língua portuguesa. Tão dinâmica, robusta e elegante, que ganhou um museu em Sampa – que é dinâmico, robusto e elegante como ela. Museu este que estará, a partir desta terça-feira, oferecendo “um capítulo que não é sério” da obra de Machado de Assis.
Grande homenageado do ano – e tudo o que se fizer é pouco – na Festa Literária de Paraty e em tudo o que é canto por causa do centenário de sua morte, o autor de Dom Casmurro ainda vai me dar muito trabalho: farei uma reportagem especial sobre ele. Também (mas não só) por isso, mal posso esperar para ver essa exposição. Aliás, dia 15 eu não só queria estar em Sampa, como também queria estar na capital fluminense: é o dia da vernissage da exposição “O Rio de Janeiro de Machado de Assis”, no Instituto Moreira Sales. Puta que pariu!
E tem mais: eu ainda não li, mas é o próximo da lista: essa belezinha aqui do lado. O bom dessa safra de almanaques (já percebeu que daqui a pouco vão lançar o Almanaque do KLB, né?) é que, vez ou outra, pipocam coisas que instigam leitura. Um almanaque para explicar o cara! Incrível! Já há alguns dias eu não escrevo sobre os bastidores do São João. Com o especial do Machado, farei o contrário: à medida em que for descobrindo coisas sobre ele, vou postando. Certamente, não conseguirei nenhum furo de reportagem, né?
Acredita que eu comecei esse post querendo falar do Museu da Língua Portuguesa? Bom, como, neste momento, o museu e o Machado estão prestes a entrar em simbiose, vou prosseguir. Até porque o reino das palavras penetra surdamente… Essa é do Drummond, e eu aprendi lá. Já que estou te instigando a ir conhecer o museu, ficam as dicas: não faça tanta questão de economizar no bilhete de entrada. Custa 4 pilas, e é melhor investi-los em você mesmo(a) do que deixar pra ir no sábado, só porque é “de grátis”. Lota. Entope. Entucha de gente. É sério. Percebeu o tom de “eu passei por essa experiência?”. Pois passei. Às vezes minha alma recobra a mineirice que carrego em algum canto dentro de mim. Mas só de quando em vez. Enfim: demorei horas pra poder entrar.
Descubra os horários certos das apresentações no auditório. Tem capacidade relativamente pequena, e o filminho que é apresentado ali vale a pena. Até porque, na sequência, rola um espetáculo sensorial com a língua portuguesa – mas não vou dar nenhum detalhe. Perde completamente a graça se o fizer. Acabei de ler no site deles que terça-feira tem horário estendido até 22h. Assim, se não estiver hospedado num muquifo-à-la-puteirinho em frente ao largo do Payssandú como eu estava (e, portanto, não sentirá medo de voltar pra casa), deixe pra ir à noite, que deve ser bem mais vazio.
Tudo o que rola por lá é mega moderno e mega legal. O melhor é que, estando em Sampa onde estiver, há alguma estação do Metrô por perto. Como o museu está instalado na Estação da Luz, você desce de metrô, literalmente, no subsolo dele. E se a curiosidade ainda te instigar no fim do programaço (sério, é um puta programa!), e ainda for de dia, pode rolar de dar um pulo na Pinacoteca do Estado. É bem em frente. Eu não fui, então não posso recomendar, mas acho que vale a pena sim.
* fotos da internet, a do museu é do degrausnet.com.br e a do livro do Machado é da Livraria Cultura