São João – montando o QG e um arraial em Paris!


Campina Grande, 19 de junho: um pulo da cama. Meu Deus, o que fazer, pra onde ir? Bom, vamos colocar as coisas no lugar. O Hotel Serrano fica bem no centro de Campina Grande e a decoração à-la anos 1980 não escondia a decadência do lugar. Para corroborar com o cenário, um mega painel de fotos da dona do hotel com famosos que se hospedavam por lá escancarava tudo. Pense na Angélica, em pleno auge do “Vou de táxi” e na Xuxa, quando ainda era a Rainha dos baixinhos? Então.

Dane-se o naipe do hotel, Morillo: organize-se! Ok, instalamos o QG. Sem tomadas à disposição no quarto em que eu e o Roosewelt, o fotógrafo figura da Agência Brasil, fui atrás de um “T”, também conhecido por benjamim. Instalamos os notebooks na escrivaninha que também abrigava a TV, que agora seria suportada pelo frigobar, conseguimos mais uma cadeira e – tchan! – estava pronta a Sucursal Campina Grande da ABr.

Próximo passo, café da manhã e definições para o dia. Encontramos o pessoal da TV Brasil, e decidimos ir até a TV Itararé (que retransmite a TV Cultura na cidade). Embora meu trabalho não tenha nada a ver com televisão, ali poderia conversar com algum produtor, que, de bom grado, me forneceria contatos. E assim surgiu a Luanda, que tinha até o número do representante de Deus na cidade. – Tem o telefone de quadrilhas, Luanda? A resposta não podia ser melhor. Ela me volta com um papelzinho e os contatos de cinco delas.

Cheiro de matéria boa. – Glauce, bora fazer matéria sobre quadrilhas? Sim. O concurso de quadrilhas tinha acabado na noite anterior (e eu pensei quando soube: que merda!). A “Mistura Gostosa” tinha ficado em primeiro lugar, mas não podia falar conosco. Nem a que ficou em segundo, nem a que ficou em terceiro… E quem ficou em quarto? A Arraial em Paris!

Lembra dela, no post anterior? Pois é. No almoço, combinamos com dona Marlene de aparecer lá por onde eles ensaiam às 15h. Impossível não se apaixonar pela história deles. Chegamos às 14h, para falarmos com ela, antes de todos chegarem e fazermos as fotos. Eu lá ia ter idéia de que aquelas belas quadrilhas são, na verdade, projetos de inclusão social? Pois são. E a pompa com que se apresentam me fez remeter às escolas de samba cariocas.

Saímos de Cuités, a perfiferia que eles moram lá pelas 16h30. Aprendi que existem quadrilhas matutas (ou tradicionais) e estilizadas. Que existe gente de boa vontade que trabalha pela comunidade, afastando jovens das drogas, ocupando a mente deles com cultura popular. Que, apesar da simplicidade, aquele povo faz um trabalho que já rendeu mais de 50 troféus em campeonatos de quadrilhas. Que aquele é um trabalho de um ano todo e que não é fácil.

O nome? Pois é, avenida Paris é o nome da principal ligação de Cuités com o restante de Campina Grande. Daí o nome “Arraial em Paris”. Nada a ver com sonhos de férias na França, nem com a origem da dança, que foi neste país.

Uma reportagem sobre quadrilhas estilizadas: clique aqui.
Outra sobre a quadrilha Arraial em Paris, é só clicar também.

*Fotos: Roosewelt Pinheiro, da Agência Brasil

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